Um dia, quando eu trabalhava em um dia quietissimo, o meu chefe recebeu uma ligacao de outro gerente de um dos pubs locais avisando que os "Gypos" estavam na area. Ele repassou o recado a outros, como numa brincadeira de telefone sem fio - que nao deixa de ser, o celular - e fechou as portas do bar as 9h da noite.
Perguntei a ele porque raios ele estava fechando o pub tao cedo. Ele respondeu que havia um grupo de cinquenta gypseys - em bom portugues, ciganos - e que a gente nao podia vacilar. Segundo ele, esses caras sao problema: entram nos pubs e roubam coisas, provocam brigas e nao raro, saem quebrando cadeiras e outras coisas.
Vimos passar uns quinze na frente do bar, que deram com a porta fechada e soltaram uns nomes feios pra gente.
Isso me parece musica dos Saltimbancos: "Proibida aos musicos e aos animais". Ou a verdade verdadeira do que aconteceu aqui ha cinquenta anos, quando era possivel ler nas entradas: "No blacks, no dogs, no irishs" (ou "proibido aos caes, negros e irlandeses").
No Brasil eu achava que pouca coisa me chocaria em termos de relacoes sociais. Digo que nao passou pela minha cabeca que Londres poderia ser mais violenta ou mais preconceituosa do que a minha Bahia. Mas as vezes, eh.
Eu sei que uma tarde, vi quatro meninos entrarem no bar e percebi que eram gypos. Na maioria das vezes e facil reconhece-los: sempre em grupos, falam com um sotaque engracado e usam umas roupas diferentes, falam alto e riem muito. Se o grupo misturar mulheres e homens entao, fica moleza adivinhar: eles nunca sentam juntos. As mulheres sentam numa mesa e os homens sentam em outra.
Meu chefe nao estava, e eu fiquei olhando os meninos jogarem sinuca. Cada shot espetacular. Nunca vi ninguem jogar assim. Era brincadeira pra eles. Entre uma jogada e outra, um deles vinha pedir uma agua ou uma coca-cola diet. Falando comigo, o sotaque mudava para um ingles compreensivel. Muito simpaticos e festivos, eles acabaram o jogo e seguiram caminho, talvez para outro pub que provavelmente nao teria uma brasileira curiosa pra deixar eles em paz.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Alvorada, que beleza
Sao sete e quinze da manha e eu acabo de olhar pela janela. O dia ainda nao chegou, tudo escuro, ceu de nuvens pretas e uns timidissimos raios da alvorada.
Acordei as 5 e meia hoje porque dormi cedo demais. Agora nao consigo mais dormir, ou conseguiria, mas nao vou tentar com medo de so acordar as duas da tarde - nao duvidem que isso seja possivel, o frio embala o sono de uma maneira que acho que eu poderia dormir dois dias seguidos sem perceber.
Ontem fez -3, -4 graus e eu perguntei a meu chefe se nessa terra nao neva. Cade a neve, Frank? Ele respondeu com a sabedoria dos nao tropicais que pra isso acontecer e necessario uma dramatica mudanca de temperatura, e um pouco de umidade... Vivendo e aprendendo.
Acordei as 5 e meia hoje porque dormi cedo demais. Agora nao consigo mais dormir, ou conseguiria, mas nao vou tentar com medo de so acordar as duas da tarde - nao duvidem que isso seja possivel, o frio embala o sono de uma maneira que acho que eu poderia dormir dois dias seguidos sem perceber.
Ontem fez -3, -4 graus e eu perguntei a meu chefe se nessa terra nao neva. Cade a neve, Frank? Ele respondeu com a sabedoria dos nao tropicais que pra isso acontecer e necessario uma dramatica mudanca de temperatura, e um pouco de umidade... Vivendo e aprendendo.
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