segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O clima

Quando eu desci no aeroporto de Heathrow, dia 3 de julho deste ano, o ar frio de Londres deu um susto em meus pulmões. Mal me dava conta do quão definidas são as estações aqui. Tive que chegar pra ver que fim de primavera não é verão ainda. Só nos trópicos para existir no calendário a data de início das estações. Aqui é a natureza que comanda. E uma bela tarde, lá pelo dia 19, 20, 21, o calor chegou, furiosamente.
E no verão não são só os termômetros que mudam. As pessoas ficam mais alegres. Os parques se enchem de crianças e de cachorros correndo, as ruas do centro repletas de turistas. O céu, à noite, para a minha surpresa, se abre crivado de estrelas. Mulheres de vestidos, sandálias, cores. E é possível até, pasmem, receber um sorriso gratuito no metrô.
Já entramos no outono, e o frio chegou sem pedir licença. Acontece da gente estar voltando pra casa à noite, com o casaco de sempre, e ele simplesmente não servir mais. Precisa-se de dois, três. É sair na rua e sem fumar ver fumaça sair pela boca. E chegando em casa, desejar ardentemente uma xícara de chá - o que me faz captar a essência desse costume.
De vez em quando me orgulho de ainda não estar literalmente congelando. Olho uma inglesa de luvas e reluto em pôr as minhas. E acho que estou me acostumando. Mas, como um cliente lá do pub onde eu trabalho disse, eu ainda não vi nada. "Nem está frio ainda", disse ele numa tarde de cinco graus, enquanto eu batia o queixo.